sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Travelling nightmare. Pesadelo na viagem. Cauchemar pendant le voyage.

On my trip back to the city where I decided to start over my life, - a city that was chosen at random and due to a court note for a course that I had interest until then -, I had a very realistic nightmare. I dreamed I was in a graveyard, and there were friends and close relatives, including my mother. I admired and took pictures of the objects of art, inscriptions and paintings of the tombs, and many were of incredible beauty. Some images could be touched and after that they disappeared like dust. There was a boy, perhaps a stuffed animal and other children's toys. Somehow it was not a graveyard of older people, and the tombs were usually children's graves. From one of the toys jumped a cockroach, one of those that are from sewers and giant and I've never really seen it. I woke up on the travel bus and realized that the experience had been a dream, but still I could still hear the sound of the giant cockroach moving. I also felt and remembered the children's tombs and the lost images becoming dust after waking up. Perhaps they are influences of my family life back in São Paulo. With each passing year my maternal grandmother seems to be weaker. She will in the end of that month make her 94 years. 94 years is a whole lifetime. Somehow her presence is what binds practically a large part of the family, and in case my grandmother dies everything can change. Death is a great tragedy. My grandmother represents a world. A world that will also disappear. The house where she lives is the house where I spent my childhood. The metaphor of Tragedy is a rented house. It is a rented house where more than three generations have grown and lived. There have been attempts to buy the house in the past, but it was never possible. If my grandmother dies the house will also end. And with it my only bond with childhood and the family celebrations that have always happened there will cease to exist. The whole family waits for it, it's like a funeral procession. Death is a complete world. Those corridors and rooms are my memory. My family lived for years in the house next door, which had basically the same structure and construction project. We had even made a door between the walls of the two housese. My grandmother's house was the place where I spent my afternoons, nights and my life until then. Time has no limits, but it puts a limit on everything that could be enduring. Losing my grandmother is losing my childhood too. It is losing the meeting place of the family as a whole. It's having to give back a memory space or redo a lease, this time with a price that is no longer the price of my grandfather's time, where at least society was a little less unfair and real estate had not such a exorbitant value. This is the end. The end of a period. Maybe Vargas dies there too. The Japanese immigrants all die a little there. My grandmother is all that. Her existence or death will be a bit of capitalism consuming entire families and driving people out of their homes. The house is not ours, even after more than 60 years. The owner, who had made the contract and who knew our family has died. It's your children who never wanted to sell the place. It's their children who tried new contracts and often tried to break our contract for another venture. In the name of money. It would be profitable to expel my grandmother from there, with that contract from the Vargas times. Inflation and society have become something else. How long will the memory withstand time? It's the end. The end is tragic. Death is the end. There is nothing after death. Maybe a picture, a memory, a forgotten memory. Any object whatsoever.


Na minha viagem de volta à cidade onde resolvi recomeçar minha vida, cidade que foi escolhida ao acaso e em razão de uma nota de corte para um curso que tinha interesse até então, tive um pesadelo muito realista. Sonhei que estava em um cemitério, e haviam amigos e parentes próximos, incluindo a minha mãe. Admirava e tirava fotos dos objetos de arte, inscrições e pinturas dos túmulos e muitos eram de uma beleza incrível. Algumas imagens podiam ser tocadas e a partir daí desapareciam como pó. Havia um menino, talvez uma pelúcia e demais brinquedos de crianças. De alguma forma não era um cemitério de pessoas mais velhas, sendo em geral túmulos infantis. De um dos brinquedos pulou uma barata, daquelas de esgoto que são gigantes e nunca vi na realidade. Acordei no ônibus de viagem e percebi que aquela vivência tinha sido um sonho, mas mesmo assim ainda escutava o som da barata gigante se movendo. Também sentia e lembrava dos túmulos infantis e das imagens perdidas se tornando pó. Talvez sejam influências da vida familiar em São Paulo. A cada ano que passa minha avó materna parece estar mais fraca. Vai fazer agora no fim desse mês 94 anos. 94 anos é uma vida inteira. De alguma forma sua presença é o que liga praticamente uma grande parte da família, e caso minha avó venha a falecer tudo pode mudar. A morte é sim uma grande tragédia. A minha avó representa um mundo. Um mundo que também vai desaparecer. A casa onde ela mora é a casa onde passei a minha infância. Por tragédia é uma casa alugada. É uma casa alugada onde mais de três gerações cresceram e viveram. Houveram tentativas de comprar a casa no passado, mas nunca foi possível. Se minha avó morrer a casa também vai acabar. E com ela meu único vínculo com a infância e as festas em família que sempre aconteceram lá deixarão de existir. Toda a família espera por isso, é como um cortejo funebre. A morte é um mundo completo. Aqueles corredores e salas são minha memória. Minha família morou por anos na casa ao lado, que tinha basicamente a mesma estrutura e projeto de construção. Tinhamos feito até uma porta entre os muros. A casa da minha avó foi o local onde passei minhas tardes, noites e minha vida até então. O tempo não tem limites, mas põe um limite em tudo o que poderia ser duradouro. Perder a minha avó é perder também a minha infância. É perder o local de encontro da família como um todo. É ter de devolver um espaço de memórias ou refazer um contrato de aluguel, dessa vez com um preço que não é mais o preço da época do meu avô, onde ao menos a sociedade era um pouco menos injusta e os imóveis não tinham um valor tão exorbitante. Esse é o fim. O fim de um período. Talvez Vargas morra ali também. Os imigrantes japoneses morrem todos um pouco ali. A minha avó é tudo isso. A minha avó é um pouco do capitalismo consumindo famílias inteiras e expulsando pessoas de suas casas. A casa não é nossa, mesmo após mais de 60 anos. O dono, quem havia feito o contrato e quem conhecia nossa família também já morreu. São seus filhos que nunca quiseram vender o lugar. São seus filhos que tentaram novos contratos e muitas vezes tentaram quebrar o nosso contrato para um outro empreendimento. Em nome do dinheiro. Seria lucrativo expulsar minha avó de lá, com aquele contrato dos tempos de Vargas. A inflação e a sociedade se tornaram outra coisa. Até quando a memória vai resistir ao tempo? É o fim. O fim é trágico. A morte é o fim. Não há nada depois da morte. Talvez uma foto, uma lembrança, uma memória esquecida. Um objeto qualquer.

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Lors de mon voyage à la ville où j'ai décidé de commencer ma vie, une ville qui a été choisie au hasard et à cause d'une teneur de coupure pour un cours qui avait un intérêt jusque-là, j'ai eu un cauchemar très réaliste. J'ai rêvé que j'étais dans un cimetière, et qu'il y avait des amis et des parents proches, y compris ma mère. Il a admiré et pris des photos des objets d'art, des inscriptions et des peintures des tombes, et beaucoup étaient d'une beauté incroyable. Certaines images ont pu être touchées et de là elles ont disparu comme de la poussière. Il y avait un garçon, peut-être une peluche et d'autres jouets pour enfants. D'une manière ou d'une autre, ce n'était pas un cimetière de personnes âgées, et elles étaient généralement des tombes d'enfants. Un des jouets a sauté un cafard, un de ces égouts qui sont géants et je ne l'ai jamais vraiment vu. Je me suis réveillé dans le bus de voyage et j'ai réalisé que l'expérience avait été un rêve, mais je pouvais encore entendre le bruit du cafard géant en mouvement. Elle a également senti et s'est souvenu des tombes des enfants et des images perdues devenant la poussière. Peut-être sont-ils des influences de la vie de famille à São Paulo. Avec chaque année qui passe, ma grand-mère maternelle semble être plus faible. Ce sera maintenant fait à la fin de ce mois de 94 ans. 94 ans c'est toute une vie. D'une certaine façon, leur présence est ce qui lie pratiquement une grande partie de la famille, et au cas où ma grand-mère meurt, tout peut changer. La mort est une grande tragédie. Ma grand-mère représente un monde. Un monde qui disparaîtra aussi. La maison où elle habite est la maison où j'ai passé mon enfance. La tragédie est une maison louée. C'est une maison louée où plus de trois générations ont grandi et vécu. Il y a eu des tentatives d'achat de la maison dans le passé, mais cela n'a jamais été possible. Si ma grand-mère meurt, la maison prendra également fin. Et avec cela mon seul lien avec l'enfance et les fêtes de famille qui ont toujours eu lieu là-bas cesseront d'exister. Toute la famille l'attend, c'est comme un cortège funèbre. La mort est un monde complet. Ces couloirs et ces chambres sont ma mémoire. Ma famille a vécu pendant des années dans la maison d'à côté, qui avait essentiellement la même structure et le même projet de construction. Nous avions même fait une porte entre les murs. La maison de ma grand-mère était l'endroit où je passais mes après-midi, mes nuits et ma vie jusque-là. Le temps n'a pas de limites, mais il limite tout ce qui pourrait durer. Perdre ma grand-mère perd aussi mon enfance. C'est perdre le lieu de rencontre de la famille dans son ensemble. Vous devez retourner un souvenir d'espace ou de renouveler un bail, cette fois avec un prix qui ne soit plus le prix de mon grand-père, où au moins la société était un peu moins injuste et de bâtiments sans valeur exorbitant C'est la fin. La fin d'une période. Peut-être que Vargas meurt là aussi. Les immigrants japonais meurent tous un peu là-bas. Ma grand-mère est tout cela. Ma grand-mère, c'est un peu le capitalisme qui consume des familles entières et qui chasse les gens de chez eux. La maison n'est pas la nôtre, même après plus de 60 ans. Le propriétaire, qui avait passé le contrat et qui connaissait notre famille, est décédé. Ce sont vos enfants qui n'ont jamais voulu vendre l'endroit. Ce sont leurs enfants qui ont essayé de nouveaux contrats et ont souvent tenté de rompre notre contrat pour une autre entreprise. Au nom de l'argent. Il serait profitable d'expulser ma grand-mère là-bas, avec ce contrat de fois Vargas. L'inflation et la société sont devenues autre chose. Combien de temps la mémoire supportera-t-elle le temps? C'est la fin. La fin est tragique. La mort est la fin. Il n'y a rien après la mort. Peut-être une image, un souvenir, un souvenir oublié. Tout objet quel qu'il soit.

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