Vodka, A igreja, e o Cinema
Há dois grandes fatos que estabeleceram uma nova marca na vida da classe trabalhadora. O primeiro é o surgimento de oito horas de trabalho; o outro, a proibição da venda de vodka. A liquidação do monopólio da vodka, pela qual a guerra foi responsável, precedeu a revolução. A guerra exigia quantias tão imensas que o czarismo conseguiu renunciar à receita de bebidas como uma quantidade insignificante, um bilhão de rublos mais ou menos não faria grande diferença. A revolução herdou a liquidação do monopólio da vodka como fato; Adotou o fato, mas foi motivado por considerações de princípio. Foi apenas com a conquista do poder pela classe trabalhadora, que se tornou o criador consciente da nova ordem econômica, que a luta contra o alcoolismo no país, pela educação e proibição, tornou possível receber seu devido significado histórico. A circunstância do orçamento (as revenue) dos "bêbados" ter sido abandonado durante a guerra imperialista não altera o fato fundamental de que a abolição de um sistema pelo qual o país incentivava as pessoas a beber é um dos pontos fortes da revolução.
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1906, lithographie de
Gilles Grandjouan |
Quanto ao dia de trabalho de oito horas, foi uma conquista direta da revolução. Como fato em si, o dia útil de oito horas produziu uma mudança radical na vida do trabalhador, liberando dois terços do dia das tarefas de fábrica. Isso fornece uma base para uma mudança radical de vida para o desenvolvimento e cultura, educação social, e assim por diante, mas apenas uma base. O principal significado da Revolução de Outubro consiste no fato de que o melhoramento econômico de cada trabalhador levanta automaticamente o bem-estar material e a cultura da classe trabalhadora como um todo.
"Oito horas de trabalho, oito horas de sono, oito horas de lazer", diz a antiga fórmula do movimento dos trabalhadores. Em nossa circunstância, assume um novo significado. Quanto mais lucrativo o trabalho de oito horas é utilizado, melhor, mais limpo, e mais higiênico as oito horas de sono podem ser organizadas e, mais completo e mais cultivado as oito horas de lazer podem se tornar.
A questão do entretenimento a este respeito torna-se de grande importância em se tratando da cultura e da educação. O caráter de uma criança é revelado e formado em suas brincadeiras. O caráter de um adulto é claramente manifestado em suas diversões e entretenimentos. Mas ao formar o caráter de uma classe inteira, quando esta classe é jovem e segue em frente, como o proletariado, divertimentos e entretenimentos devem ocupar uma posição de destaque. O grande reformista utópico francês, Fourier, repudiando o ascetismo cristão e a supressão dos instintos naturais, construiu sua falésia (as comunas do futuro) através da correta e racional utilização e combinação dos instintos e paixões humanas. A ideia é profunda. O estado da classe trabalhadora não é uma ordem espiritual nem um mosteiro. Nós consideramos as pessoas como elas foram feitas pela natureza, e como elas foram parcialmente educadas e em parte distorcidas pela antiga ordem. Buscamos um ponto de apoio neste material humano vital para a aplicação do nosso partido e alavancar o estado revolucionário. O desejo de diversão, distração, passeios e risos é o desejo mais legítimo da natureza humana. Somos capazes, e de fato obrigados, a dar à satisfação desse desejo uma qualidade artística superior, ao mesmo tempo em que tornamos a diversão uma arma de educação coletiva, liberada da tutela do pedagogo e do cansativo hábito de moralizar.
A arma mais importante a este respeito, uma arma que sobrescreva de qualquer outra, é atualmente o cinema. Esta incrível inovação espetacular entrou na vida humana com uma rapidez bem-sucedida nunca experimentada no passado. Na vida cotidiana das cidades capitalistas, o cinema tornou-se parte integrante da vida assim como o banho, o bar, a igreja e outras instituições indispensáveis, louváveis e outras. A paixão pelo cinema está enraizada no desejo de distração, o desejo de ver algo novo e improvável, rir e chorar, não por sua própria conta, mas com os contratempos de outras pessoas. O cinema satisfaz essas exigências de uma maneira muito direta, visual, pitoresca e vital, não requerendo nada da platéia; Nem mesmo exige que eles sejam alfabetizados. É por isso que a audiência tem um amor tão grato ao cinema, essa fonte inesgotável de impressões e emoções. Isso fornece um ponto, e não apenas um ponto, mas um quadrado enorme, para a aplicação de nossas energias educacionais socialistas.
O fato de termos chegado até agora, ou seja, em quase seis anos, e não ter tomado posse do cinema mostra quão lentos e sem educação somos, para não dizer, francamente, estúpidos. Esta arma, que chora para ser usada, é o melhor instrumento de propaganda, propaganda técnica, educacional e industrial, propaganda contra o álcool, propaganda para saneamento, propaganda política, qualquer tipo de propaganda que você deseja, uma propaganda acessível a todos, que é atraente, e investe na memória e pode ser uma possível fonte de receita.
Ao atrair e divertir, o cinema já rivaliza com os botecos e bares. Não sei se Nova York ou Paris possuem atualmente mais cinemas ou bares, ou quais dessas empresas produzem mais dinheiro. Mas é aparente que, acima de tudo, o cinema compete com os botecos sobre a forma como as oito horas de lazer devem ser preenchidas. Podemos proteger esta arma incomparável? Por que não? O governo do czar, em alguns anos, estabeleceu uma intrincada rede de barricadas estaduais. O negócio gerou uma receita anual de quase um bilhão de rublos de ouro. Por que o governo dos trabalhadores não deveria estabelecer uma rede de cinemas estaduais? Este aparelho de diversão e educação poderia ser cada vez mais feito para se tornar parte integrante da vida nacional. Usado para combater o alcoolismo, ele poderia, ao mesmo tempo, ser transformado em interesse de rendimento. É praticável? Por que não? É claro que não é fácil. Seria, de qualquer modo, mais natural e mais em consonância com as energias organizadoras e as habilidades do estado dos trabalhadores do que, digamos, a tentativa de restaurar o monopólio da vodka.
O cinema compete não apenas com os bares, mas também com a igreja. E essa rivalidade pode tornar-se fatal para a igreja se fizermos a separação da igreja do Estado socialista pela fusão do estado socialista e do cinema.
A religião entre as classes trabalhadoras russas praticamente não existe. Na verdade, nunca existiu. A Igreja Ortodoxa era um costume diário e uma instituição governamental. Nunca foi bem sucedido penetrar profundamente na consciência das massas, nem em misturar seus dogmas e cânones com as emoções internas das pessoas. O motivo disso é o mesmo: a condição inculta da velha Rússia, incluindo a igreja. Assim, quando despertado para a cultura, o trabalhador russo se livra facilmente de sua relação puramente externa com a igreja, uma relação que cresceu sobre ele pelo hábito. Para o camponês, certamente, isso se torna mais difícil, não porque o camponês tenha entrado mais profundamente e intimamente no ensino da igreja - isso, claro, nunca foi o caso - mas porque a inércia e a monotonia de sua vida estão intimamente ligadas a inércia e a monotonia das práticas da igreja.
A relação dos trabalhadores com a igreja (eu falo do trabalhador de massa não partidário) ocupa principalmente o fio do hábito, o hábito das mulheres em particular. Os ícones ainda ficam pendurados na casa porque estão lá. Os ícones decoram as paredes; Seria vazio sem eles; As pessoas não estariam acostumadas a isso. Um trabalhador não terá problemas para comprar novos ícones, mas não tem vontade suficiente para descartar os antigos. De que forma o festival da primavera pode ser celebrado se não pelo bolo da Páscoa? E o bolo da Páscoa deve ser abençoado pelo sacerdote, caso contrário, não teria mais sentido. Quanto às igrejas, as pessoas não vão porque são religiosas; A igreja é brilhantemente iluminada, lotada de homens e mulheres com suas melhores roupas, o canto é bom - uma variedade de atrações sócio-estéticas não fornecidas pela fábrica, a família ou as ruas do trabalho. Não há fé ou há praticamente nenhuma. De qualquer forma, não há respeito pelo clero ou crença na força mágica do ritual. Mas não há vontade ativa para quebrar tudo. Os elementos de distração, prazer e diversão desempenham um grande papel nos ritos da igreja. Por métodos teatrais, a igreja trabalha na visão, no sentido do cheiro (através do incenso), e por eles trabalha na imaginação. O desejo do homem para o teatro, o desejo de ver e ouvir o fora do comum, a quebra, o desejo de uma ruptura na monotonia da vida é grande e indescritível; Persiste desde a infância até a velhice avançada. Para libertar as massas comuns do ritual e do eclesiástico adquirido pelo hábito, a propaganda antirreligiosa por si só não é suficiente. Claro, é necessária; Mas sua influência prática direta é limitada a uma pequena minoria do espírito mais corajoso. A maior parte das pessoas não são afetadas pela propaganda antirreligiosa; Mas isso não é porque sua relação espiritual com a religião é tão profunda. Pelo contrário, não há nenhuma relação espiritual; Existe apenas uma relação sem forma, inerte e mecânica, que não passou pela consciência; Uma relação como a do vidente da rua, que na ocasião não se opõe a participar de uma procissão ou uma cerimônia pomposa, ou ouvir e cantar ou agitar os braços.
O ritual sem sentido, que se coloca na consciência como um fardo inerte, não pode ser destruído apenas pela crítica; Pode ser suplantado por novas formas de vida, novos divertimentos, novos e mais cultos teatros. Aqui novamente, os pensamentos vão naturalmente para os mais poderosos - porque é o instrumento mais democrático - do teatro: o cinema. Não tendo necessidade de um clero em brocado, etc., o cinema revela na tela branca imagens espetaculares de maior impacto do que a igreja mais rica, desenvolvida na experiência de mil anos, ou por mesquitas ou sinagogas. Na igreja, apenas um drama é realizado, sempre um e o mesmo, ano após ano; Enquanto no cinema ao lado você assistirá as páscoas dos Pagãos, Judeus e Cristãos, em sua sequência histórica, com a semelhança de ritual. O cinema diverte, educa, atrai a imaginação pelas imagens e te liberta da necessidade de atravessar a porta da igreja. O cinema é um grande concorrente não só do barzinho, mas também da igreja. Aqui está um instrumento que devemos garantir a todo custo!
por Leon Trotsky
La vodka, l’église et le cinématographe
Deux phénomènes importants ont marqué de leur sceau le mode de vie ouvrier : la journée de huit heures et la prohibition de la vodka […].Développer, renforcer, organiser, mener à bien une politique antialcoolique dans le pays du travail renaissant - voila notre tâche. Et nos succès économiques et culturels augmenteront parallèlement à la diminution dunombre de « degrés ». lci, aucune concession n"est possible.
En ce qui concerne la journée de huit heures, c"est une conquête directe de la révolution, et l"une des plus importantes. Ce fait en lui-même entraîne une modification fondamentale de la vie de l"ouvrier en libérant les deux tiers de la journée de travail […].
« Huit heures de travail, huit heures de sommeil, huit heures de liberté » - proclame la vieille formule du mouvement ouvrier. Dans les conditions actuelles, elle reçoit un contenu tout à fait nouveau : plus les huit heures de travail seront productives, plus les huit heures de sommeil seront réparatrices et hygiéniques, plus les huit heures de liberté seront culturelles et enrichissantes.[…]
Le désir de se distraire, de se divertir, de s"amuser et de rire est un désir légitime de la nature humaine. Nous pouvons et nous devons lui donner des satisfactions toujours plus artistiques, et en même temps nous devons faire du divertissement un instrument d"éducation collective sans contrainte ni dirigisme importuns.
Actuellement, dans ce domaine, le cinématographe représente un instrument qui surpasse de loin tous les autres. Cette étonnante invention a pénétré la vie de l"humanité avec une rapidité encore jamais vue dans le passé. Dans les villes capitalistes, le cinématographe fait maintenant partie intégrante de la vie quotidienne, au même titre que les bains publics, les débits de boisson, l"Église et les autres institutions nécessaires, louables ou non […].
Le cinématographe rivalise avec le bistrot, mais aussi avec l"Église. Et cette concurrence peut devenir fatale à l"Église si nous complétons la séparation de l"Église et de l"État socialiste par une union de l"État socialiste avec le cinématographe ; […] Le cinématographe n"a pas besoin d"une hiérarchie diversifiée, ni de brocart, etc. ; il lui suffit d"un drap blanc pour faire naître une théâtralité beaucoup plus prenante que celle de l"Église, de la mosquée ou de la synagogue la plus riche, la plus rompue aux expériences théâtrales séculaires. A l"Église on ne montre qu"un « acte », toujours le même d"ailleurs, tandis que le cinématographe montrera que dans le voisinage ou de l"autre côte de la rue, le même jour et à la même heure, se déroulent à la fois les Pâques païenne, juive et chrétienne. Le cinématographe divertit, éduque, frappe l"imagination par l"image, et ôte l"envie d"entrer à l"Église. Le cinématographe est un rival dangereux non seulement du bistrot, mais aussi de l"Église. Tel est l"instrument que nous devons maitriser coûte que coûte !
Leon Trotsky
Vodka, the Church, and the Cinema
There are two big facts which have set a new stamp on working class life. The one is the advent of the eight-hour working day; the other, the prohibition of the sale of vodka. The liquidation of the vodka monopoly, for which the war was responsible, preceded the revolution. The war demanded such enormous means that czarism was able to renounce the drink revenue as a negligible quantity, a billion rubles more or less making no very great difference. The revolution inherited the liquidation of the vodka monopoly as a fact; it adopted the fact, but was actuated by considerations of principle. It was only with the conquest of power by the working class, which became the conscious creator of the new economic order, that the combating of alcoholism by the country, by education and prohibition, was able to receive its due historic significance. The circumstance that the “drunkards’” budget was abandoned during the imperialist war does not alter the fundamental fact that the abolition of the system by which the country encouraged people to drink is one of the iron assets of the revolution.
As regards the eight-hour working day, that was a direct conquest of the revolution. As a fact in itself, the eight-hour working day produced a radical change in the life of the worker, setting free two-thirds of the day from factory duties. This provides a foundation for a radical change of life for development and culture, social education, and so on, but a foundation only. The chief significance of the October Revolution consists in the fact that the economic betterment of every worker automatically raises the material well-being and culture of the working class as a whole.
“Eight hours work, eight hours sleep, eight hours play,” says the old formula of the workers’ movement. In our circumstances, it assumes a new meaning. The more profitably the eight hours work is utilized, the better, more cleanly, and more hygienically can the eight hours sleep be arranged for, and the fuller and more cultured can the eight hours of leisure become.
The question of amusements in this connection becomes of greatly enhanced importance in regard to culture and education. The character of a child is revealed and formed in its play. The character of an adult is clearly manifested in his play and amusements. But in forming the character of a whole class, when this class is young and moves ahead, like the proletariat, amusements and play ought to occupy a prominent position. The great French utopian reformer, Fourier, repudiating Christian asceticism and the suppression of the natural instincts, constructed his phalansterie (the communes of the future) on the correct and rational utilization and combination of human instincts and passions. The idea is a profound one. The working class state is neither a spiritual order nor a monastery. We take people as they have been made by nature, and as they have been in part educated and in part distorted by the old order. We seek a point of support in this vital human material for the application of our party and revolutionary state lever.
The longing for amusement, distraction, sight-seeing, and laughter is the most legitimate desire of human nature. We are able, and indeed obliged, to give the satisfaction of this desire a higher artistic quality, at the same time making amusement a weapon of collective education, freed from the guardianship of the pedagogue and the tiresome habit of moralizing.
The most important weapon in this respect, a weapon excelling any other, is at present the cinema. This amazing spectacular innovation has cut into human life with a successful rapidity never experienced in the past. In the daily life of capitalist towns, the cinema has become just such an integral part of life as the bath, the beer-hall, the church, and other indispensable institutions, commendable and otherwise. The passion for the cinema is rooted in the desire for distraction, the desire to see something new and improbable, to laugh and to cry, not at your own, but at other people’s misfortunes. The cinema satisfies these demands in a very direct, visual, picturesque, and vital way, requiring nothing from the audience; it does not even require them to be literate. That is why the audience bears such a grateful love to the cinema, that inexhaustible fount of impressions and emotions. This provides a point, and not merely a point, but a huge square, for the application of our socialist educational energies.
The fact that we have so far, ie., in nearly six years, not taken possession of the cinema shows how slow and uneducated we are, not to say, frankly, stupid. This weapon, which cries out to be used, is the best instrument for propaganda, technical, educational, and industrial propaganda, propaganda against alcohol, propaganda for sanitation, political propaganda, any kind of propaganda you please, a propaganda which is accessible to everyone, which is attractive, which cuts into the memory and may be made a possible source of revenue.
In attracting and amusing, the cinema already rivals the beer-hall and the tavern. I do not know whether New York or Paris possesses at the present time more cinemas or taverns, or which of these enterprises yields more revenue. But it is manifest that, above everything, the cinema competes with the tavern in the matter of how the eight leisure hours are to be filled. Can we secure this incomparable weapon? Why not? The government of the czar, in a few years, established an intricate net of state barrooms. The business yielded a yearly revenue of almost a billion gold rubles. Why should not the government of the workers establish a net of state cinemas? This apparatus of amusement and education could more and more be made to become an integral part of national life. Used to combat alcoholism, it could at the same time be made into a revenue-yielding concern. Is it practicable? Why not? It is, of course, not easy. It would be, at any rate, more natural and more in keeping with the organizing energies and abilities of a workers’ state than, let us say, the attempt to restore the vodka monopoly.
The cinema competes not only with the tavern but also with the church. And this rivalry may become fatal for the church if we make up for the separation of the church from the socialist state by the fusion of the socialist state and the cinema.
Religiousness among the Russian working classes practically does not exist. It actually never existed. The Orthodox Church was a daily custom and a government institution. It never was successful in penetrating deeply into the consciousness of the masses, nor in blending its dogmas and canons with the inner emotions of the people The reason for this is the same – the uncultured condition of old Russia, including her church. Hence, when awakened for culture, the Russian worker easily throws off his purely external relation to the church, a relation which grew on him by habit. For the peasant, certainly, this becomes harder, not because the peasant has more profoundly and intimately entered into the church teaching – this has, of course, never been the case – but because the inertia and monotony of his life are closely bound up with the inertia and monotony of church practices.
The workers’ relation to the church (I am speaking of the nonparty mass worker) holds mostly by the thread of habit, the habit of women in particular. Icons still hang in the home because they are there. Icons decorate the walls; it would be bare without them; people would not be used to it. A worker will not trouble to buy new icons, but has not sufficient will to discard the old ones. In what way can the spring festival be celebrated if not by Easter cake? And Easter cake must be blessed by the priest, otherwise it will be so meaningless. As for church-going, the people do not go because they are religious; the church is brilliantly lighted, crowded with men and women in their best clothes, the singing is good – a range of social-aesthetic attractions not provided by the factory, the family, or the workaday street. There is no faith or practically none. At any rate, there is no respect for the clergy or belief in the magic force of ritual. But there is no active will to break it all. The elements of distraction, pleasure, and amusement play a large part in church rites. By theatrical methods the church works on the sight, the sense of smell (through incense), and through them on the imagination. Man’s desire for the theatrical, a desire to see and hear the unusual, the striking, a desire for a break in the ordinary monotony of life, is great and ineradicable; it persists from early childhood to advanced old age. In order to liberate the common masses from ritual and the ecclesiasticism acquired by habit, antireligious propaganda alone is not enough. Of course, it is necessary; but its direct practical influence is limited to a small minority of the more courageous in spirit. The bulk of the people are not affected by antireligious propaganda; but that is not because their spiritual relation to religion is so profound. On the contrary, there is no spiritual relation at all; there is only a formless, inert, mechanical relation, which has not passed through the consciousness; a relation like that of the street sight-seer, who on occasion does not object to joining in a procession or a pompous ceremony, or listening to singing, or waving his arms.
Meaningless ritual, which lies on the consciousness like an inert burden, cannot be destroyed by criticism alone; it can be supplanted by new forms of life, new amusements, new and more cultured theaters. Here again, thoughts go naturally to the most powerful – because it is the most democratic – instrument of the theater: the cinema. Having no need of a clergy in brocade, etc., the cinema unfolds on the white screen spectacular images of greater grip than are provided by the richest church, grown wise in the experience of a thousand years, or by mosque or synagogue. In church only one drama is performed, and always one and the same, year in, year out; while in the cinema next door you will be shown the Easters of heathen, Jew, and Christian, in their historic sequence, with their similarity of ritual. The cinema amuses, educates, strikes the imagination by images, and liberates you from the need of crossing the church door. The cinema is a great competitor not only of the tavern but also of the church. Here is an instrument which we must secure at all costs!
Leon Trotsky
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