quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Envelhecer e superar os traumas: Por que me furtaram tantas vezes?

Por muitos anos acreditei que todas as vezes que fui furtado por amigos ou conhecidos era por motivos de inveja, porque estavam me considerando um boy, um mimado, alguém que talvez tivesse grana se fazendo de pobre, mil razões, também me dava explicações condescendentes divagando sobre as condições de classe, as questões de desemprego, a condição das pessoas que me furtaram, sempre inventei mil razões para não entender logo o óbvio, que anos depois só me foi esclarecido hoje, nunca me furtaram porque me consideraram como alguém rico (já foi acusado), sempre souberam que eu também era um fodido como eles, mas me furtaram porque tinham raiva de mim, da minha indiferença, do fato de eu realmente poder sair daquele buraco se quisesse, já eles inteiramente tragados pela própria situação a que estavam amarrados, mas se eu estava lá, não estava também ligado àquele horror? Pois bem, furtos foram o que paguei por minha ignorância, por outro lado não é essa também outra daquelas velhas explicações e justificativas que me conto afim de me convencer do indefensável. Porque se eu estava indiferente, ignorante da condição a que estava cercado, eles também estavam muito cegos para a própria situação, porque nunca que foder alguém que já tá fodido vai trazer qualquer ganho pessoal, mesmo assim diferente deles eu ainda tinha algum bem material ou qualquer coisa assim, mas eles só enxergaram o ganho momentâneo, sem pensar no futuro, ou outras questões porque quando me roubaram um notebook de 6 anos, com memórias, arquivos irrecuperáveis, garantiram sim o almoço grátis por algumas semanas, talvez até pelo mês, mas e depois? Perderam um acordo muito melhor ao meu lado, uma vez que a casa era dividida com uma menina que recebia dinheiro dos pais, de um trabalhador (que tinha conseguido um estágio e já tinha um emprego em local respeitável, no caso estou falando de mim, eu mesmo), enfim, acharam melhor roubar a casa inteira para viver um mês quando poderiam prolongar meses de baixos alugueis e contas divididas, precisando apenas correr atrás de sua cota compartilhada, mas jamais vão pensar isso, por isso que vão continuar na pobreza que os cerca, mas eu escapei dessa mesma pobreza? Se escapei foi para passar ainda pior, porque acabei em um relacionamento de negócios com pessoas que me traíram assim que possível, não que o furto já não fosse a própria traição, mas houveram ainda traições piores, como no caso da ingrata e inútil que trouxe para morar comigo, paguei até aluguel adiantado pra conseguir um espaço, mantive as contas em dia por quase dois meses, para não ter nem mesmo um apoio, uma ajuda de custo qualquer, o que tive em troca foi desespero, reclamações, exigência por dinheiro, fui até chantageado em determinado momento, o que pra mim foi a gota d'água final daquele "romance". A desgraçada foi embora, levou quase tudo o que havia na casa, porque "tinha sido ela que tinha conseguido", nunca me ajudou nem mesmo com um real e ainda espalhou pelos meus espaços de vivencia que eu estava devendo dinheiro pra ela!!!! Foi horrível. Daí tem aquela história que pessoas manipuladoras se colocam sempre como vítima, não é basicamente o que estou fazendo agora? O que tenho ao meu favor é que claramente, em qualquer tribunal, não que eu confie nas leis da legislação brasileira, confio muito menos "nas leis dos homens", mas tudo o que for justo, universal, atemporal, se existe uma lei de bem comum, em todas essas leis possíveis eu com certeza sofri muito e novamente POR MINHA PRÓPRIA CAUSA, porque deveria ter ficado mais atento, deveria ter me precavido melhor, mas enfim, que atire a primeira pedra quem nunca sofreu um golpe cabuloso e PAGOU PRA VER o que seria aquilo. Muitos me alertaram, mas existe algo de irremediavelmente sedutor nessas pessoas que parecem marcadas pelo destino com o único fim de te apunhalar pelas costas e gritando que te odeiam do fundo de suas almas, isso se tiverem alguma, o que duvido. As pessoas que furtam te mostram que furtaram uma coisa ou outra ao longo do caminho, mas você meio que ignora porque "não foi lá grande coisa", mas foi sim, sempre é grande coisa quando um pobre furta outro pobre e finge que nada aconteceu, seja uma planta, seja uma roupa, qualquer coisa. Eu mesmo olhando fotos antigas percebo que perdi muitas roupas e até objetos que não caberiam em nenhum bolso, mesmo assim para onde foi tudo isso que perdi? Será que virou pedra de crack? Será que virou fralda pra algum bebê que deveria ser recolhido pelo Estado? Porque se os pais não tem condição e vão garantir uma vida de miséria para as crianças é até melhor que o Estado as recolha, ou não? Então sim, uma coisa é compreender porque alguém furta alguém, mas outra coisa é justificar tudo isso. É injustificável. Mas não foi à toa, foi diretamente contra mim, foi uma forma de me atingir, de me jogar de volta aos porcos, de me retirar à força daquele lugar de invulnerabilidade pretensiosa que me coloco sempre que me sinto inseguro, como se pudesse ter o direito de não me envolver em problemas que não teria condições de resolver. "Por que a distância? Se acha melhor do que nós?" "Por que não quer ser colocado em meio a um problema que você não iniciou, que não faz parte da sua vida, que você não tem resposta? Não quer ajudar?" Se não ajudar vamos tomar de você. Não é isso também uma forma de extorsão? Me obrigar a contribuir e me deixar em falta? Por outro lado não é também um furto ter que pagar um aluguel para viver em algum lugar? Ter que pagar para poder comer em uma sociedade que produz mais alimento do que podemos consumir e muito é desperdiçado diariamente não é também outra forma de extorquir alguém? Não é um furto ter o dinheiro que deveria ser para investimento público desviado para o enriquecimento de algum capitalista local? Não somos extorquidos todos os meses pelas taxas e tributos inseridos nas contas de luz e de água? Por outro lado realmente nunca precisei furtar ninguém pra conseguir as coisas que "eu" quero, acusando o "outro" de "egoísta" porque não "me" deu o que "eu" queria... Estranha lógica essa de quem sempre se vê sem nada. O furto do Estado contra mim é um furto que ao menos me garante uma contrapartida mínima, a saber o serviço da luz, o serviço da água, o aluguel está em um contrato mais na esfera do privado, não tanto estatal, mas ainda assim me garante o serviço de ter uma moradia. Agora o furto dos pobres contra os pobres ajuda alguém a sair de onde está? E se estiver saindo da miséria é melhor que saia rápido, porque vão tentar te impedir a todo custo. Pagar as minhas contas, não querer foder ninguém, não furtar, ser um bom cristão (essa é uma piada), Isso tudo faz de mim alguém melhor? Ter tido educação financeira (mesmo que autodidata) não é um sinal dessa diferença? Diferença que é o motivo de tanto ódio e consequentes represálias. Porém ignorância não é desculpa para mal caratismo ou justificativa para foder quem tá no mesmo patamar que o seu, já é difícil com a economia do Brasil, ainda tem que ficar expulsando os ratos antes que comam o próprio barco afundando logo à todos? Ainda por cima colocam a culpa na vítima!!!!! Quem atacou primeiro? Talvez não querer se envolver por não ter condições para resolver um problema que não é seu seja a primeira grande ofensa e motivação para uma vingança. "Como você ousa não querer resolver o meu problema por mim? Agora vai sofrer as consequências!" Daí ainda passa como se fosse você que não estivesse cooperando... Todos erram, todos mudam com o tempo, quantas vezes não me arrependi de erros cometidos, acho que todos merecem uma segunda, terceira chance, porém golpista não se lida pelo âmbito moral, mas é a forma de negócio a que eles se vêem acostumados, se encontram irremediavelmente inseridos, então não tem conversa com golpista, não tem arrependimento, em algum momento vão querer te passar a perna pra ganhar em cima, porque é o único jeito que eles concebem a realidade dos negócios, por isso que acabam na miséria, o que deve ser um aviso para toda pessoa de bem, a miséria está uma porta de distância, então cuidado, porque um dia você tem dinheiro, no outro pode até perder a vida (vida é um valor inestimável em um mundo com tempo finito e sem um além-terra "paraíso espacial"), tudo por ganância alheia.

Da pureza das intenções à crueldade humana

Às vezes sinto como se a tecnologia estivesse contra mim, me impedindo o acesso na velocidade adequada quando é necessário, existem aqueles momentos que a inspiração faz uma de suas visitas, mas pode durar tão pouco e momentos depois já se foi, bem como até mesmo sua lembrança. Quantas rimas, sons, ideias, lembranças nós já não nos esquecemos tão subitamente quanto nos recordamos. É um pouco de pretensão escrever tanto sobre coisas tão simples, bem como sobre natureza humana que é tão evidente porque nos rodeia, nos outros, em nós mesmos. Há pessoas sinceras, muito boas, que agem por bondade, enquanto outras são hipócritas, mentirosas, até mesmo em suas próprias verdades. Às vezes me coloco ao lado dos hipócritas, mas em geral acho que me coloco ao lado dos palhaços e das tragédias. Me sinto sempre péssimo, sempre me tenho repreensões, não me sinto seguro o suficiente para errar, é quase sempre como se o erro fosse a maior prova daquilo que jamais desejei ser, alguém insuficiente, imbecil, estúpido em vários sentidos, ignorante até mesmo dos costumes... Uma vez que você conhece alguém legal, em que se é possível confiar, por momentos você pode se abster de toda a comédia humana envolvendo farsantes, golpistas, mentirosos, gente que quer te prejudicar por alguma razão pessoal... É a lógica do medo e da competição. Tem vezes que me esqueço sobre quem sou, me esqueço até mesmo de quem sou, não sobre o que sou, mas sobre o que faz de mim ser eu mesmo, aquilo de mais essencial, as vezes até me esqueço e me vejo competindo, não por diversão, não por escolha, por esporte, mas quando acordo me enxergo como que tragado para todo esse ambiente de competição, acordos, traições, intrigas. Quando percebo eu fujo assim que possível, mas não tinha sido até então peça do mesmo mecanismo? Se estava lá, centrifugado por uma força que foge à todos nós, não era também parte do mesmo sistema de relações, trocas, significados? É nisso que me choco. Porque como eu disse no começo, às vezes me sinto quase que hipócrita, me envergonho, mas o que me sinto mesmo é como um palhaço dos mais rídiculos, com movimentos exagerados, suspiros altos. Mesmo assim tenho meus limites e fronteiras demarcadas, tem morais e imoralismos que não me sinto representado, talvez porque na maioria das vezes fui sim prejudicado, mas eu falo como se a minha indiferença, um lugar que funciona como aquele pedestal das pessoas inseguras, aquele lugar distante que me coloco como se fosse qualquer outra pessoa invulnerável, inviolável, para segundos depois ser derrubado e como que lançado na mais vergonhosa das lamas e consideradas grandes gafes sociais... como se minha indiferença não fosse por si só ferramenta, arma, instrumento da mais terrível das hipocrisias, da mais terrível forma de olhar nos olhos de alguém e repetir a palavra de ordem: "se vira". Porém é difícil quando você está em um barco, fazendo acordos, onde todos podem ganhar, mas muitos a sua volta não ganham nada e ainda te odeiam pelo seu progresso. Sinceramente, que progresso? É isso que choca também, o fato de ser verdade consentida meio que por todos de que a grama é sempre mais fresca no vizinho, o fato de nós nunca estarmos satisfeitos com nada, e não sei direito como deve ser para os ocidentais em geral, porque muitos não tiveram nem o mais breve contato com o budismo ou qualquer forma mais elevada de lidar com os problemas mundanos, onde dinheiro talvez não seja o mais nobre dos ideais, mas é esse um dos pontos reais, talvez sejam pessoas que so tiveram contato com religiões como aquela do cristianismo evangélico da prosperidade material como "promessa" de Deus, garantido custe o que custar... Isso tudo sem educação financeira, então fica díficil, porque significa uma realidade triste, mais do que miserável, onde não existe nem aquela pobreza honesta e idealizada de balzac ou dickens [?], muita gente ávida por dinheiro aplicando golpes tortos em gente fodida, coisas tão absurdas (para o seu sentido mais torpe e ruim) que talvez nem doistoievsky poderia antecipar. Aí fica nisso, realidade low budget tendo que lidar com as imposições que o meio te exige. Talvez farei um meme para discutir sobre a natureza humana, no seu melhor até o seu pior, sem parecer um texto sério, porque esses textos talvez alguém chegue a ler, mas em geral leio sozinho, como diário de coisas que vou me esquecer, por exemplo, percebi agora que não havia escrito nada aqui ao longo de 2019. Por que?

sábado, 18 de janeiro de 2020

Microviolências e outras frustrações cotidianas

Já nem sei direito o que escrevi nos últimos posts, mas com certeza alguns vão me deixar envergonhado. Todos os anos pareço ser outra pessoa e já não me identifico com nada do que escrevi antes, talvez com a raiz dos problemas, mas a forma de lidar ou entender os mesmos mudou em vários sentidos. Passei o dia inteiro pensando sobre o passado, com ansiedade, tive pesadelos, dias me correndo, sofrendo com meus erros, mesmo que não declarados, com o que deveria fazer e não fiz... Pensei inicialmente em escrever dois posts diferentes, mas penso que é melhor deixar tudo em algo mais conciso. Pensei muito em microviolências e liberdade. Tenho pais maravilhosos, sim, esse é um post sobre família e relacionamentos. Eles são pessoas muito boas comigo, meu pai é um homem simples, minha mãe teve educação, mas ainda assim tem diversas concepções "boomer" sobre maconha ou mesmo comunismo, apesar de ser mais liberal em relação aos lgbtqi, existem sim alguns preconceitos encobertos, talvez mais relacionados à classe, já meu pai é um pouco mais ignorante e diversas vezes o vejo cometer falas com teor racista ou homofóbico. Quando era mais novo também já cometi diversos erros de julgamento, menosprezando outras pessoas ou me menosprezando por coisas banais como aparência ou sexualidade. Na minha adolescência ouvir comentários homofóbicos na minha própria casa foi algo de grande estresse e muitas vezes me ofendeu intimamente ou me causou algum tipo de insegurança que carrego comigo até hoje, porém agora, quem eu sou, tenho muito mais noção de que essas falas são uma forma dele se sentir melhor, "mais ajustado", como mecanismo para lidar com suas próprias paranóias e frustrações. Meu pai sempre teve vergonha de ser pobre, de seu passado na pobreza, como todo heterossexual bonito, casou com uma mulher com vida financeira mais equilibrada, tanto no primeiro casamento quanto no segundo. Pouco tempo surge o milagre da vida e a gravidez. A família inteira da minha mãe foi contra e todos sempre comentaram que ele deveria trabalhar como qualquer coisa, para pelo menos ter uma carteira assinada. Meu pai sempre se recusou aos conselhos da família da minha mãe, talvez pela vontade de se afirmar, hoje está velho, doente, sem aposentadoria e ainda vive muitas vezes com o favor da família e de minha mãe. Minha mãe, coitada, recusou diversos casamentos arranjados que seriam muito melhores para ela, enquanto segurança e patrimônio, talvez também como uma forma de rebeldia contra os interesses da família, legislando sobre nós como se fossemos crianças. Voltando ao meu pai, até hoje ele tem uma loja de antiguidades, que é na verdade um dos lugares mais legais que conheço desde a infância, mas nunca foi uma loja lucrativa. Serve como forma de dizer que ele não é um simples empregado, mas dono de um estabelecimento comercial. É claro que isso marcou sua personalidade de uma hipocrisia que as vezes é indefensável para nós, seus filhos. Minha irmã mais velha até rompeu relações com ele. Por outro lado ele como todos nós é uma pessoa que cometeu erros e tem também seus arrependimentos, mesmo comentando diversas coisas homofóbicas, não sei se ele me considera heterossexual, o que acredito que não porque tive adolescência, tive namorados, e ele não é cego, além de mais velho, porém por ser um homem simples as vezes desconfio de sua percepção sobre a vida e mesmo sobre valores, uma vez que o mesmo sempre viveu às custas da minha mãe, não que ele não contribuisse, quando ele consegue um dinheiro ele gasta todo em casa, mas no sentido de que nunca foi suficiente para garantir um aluguel. Por outro lado minha casa sempre teve móveis verdadeiros, nada daquelas produções em massa com madeira prensada, todo mundo sabe o quanto é caro decorar uma casa e o quanto é caro ter uma boa cama, o que é o meu caso, tenho uma ótima cama e foi meu pai que arranjou, sem nunca me cobrar qualquer coisa. Este é o ponto, na adolescência todas essas questões interligadas mais os comentários de homofobia me incomodavam muito e me prejudicaram muito em meu desenvolvimento, até hoje tenho dificuldades para confiar em outras pessoas, tenho medo de me abrir, considero todos traidores, por outro lado hoje tenho mais referencial teórico para entender, compreender e modificar o que sinto em relação ao que os outros dizem ou fazem. Aqui na casa dos meus pais não tenho a mesma liberdade para fumar um baseado em paz, sempre existe aquela ideia "boomer" da guerra as drogas e da marginalização. Claro que tem gente que até apanha da familia se for pego fumando um baseado, tenho sorte de vir de uma família mais educada, porém é sempre aquela invasão de privacidade, não posso acender um cigarro que já batem na minha porta, reclamam do cheiro, "preciso guardar algo no seu quarto", e por aí vai, recebo mensagens no celular sobre "poder me abrir caso esteja passando por algum problema", ou "não precisa esconder nada, só queremos o seu melhor", falas que podem parecer engraçadas para alguns e bem intencionadas para outros, mas também são formas sutis de me ofender, porque me colocam como alguém que está cometendo uma ilegalidade terrível, quando só queria mesmo ficar no pc em paz, e chapado, por que não? Enfim, dias seguidos sem poder fumar tranquilamente, sempre paranóico porque em questão de minutos batem em minha porta (que preciso deixar trancada, porque se estiver destrancada vão entrar simplesmente, sem bater), por essas e outras acabo sofrendo e me sentindo muito mal, porque não quero dar nenhuma preocupação, ao mesmo tempo não tennho a mesma liberdade a que estou acostumado. Eu entendo que não estou na minha casa, não fumo na sala, vendo tv, não fumo enquanto estou cozinhando, não posso fumar na área de serviço porque "ilegal", enfim, as proibições estão postas e tem também os outros vizinhos, porque moro em prédio. As vezes sou obrigado a correr risco de sofrer algo contra minha integridade física porque preciso sair na rua para poder fumar um baseado em paz, em um pais que pode me prender por acender mato "alucinógeno", por essas e outras que acabo sofrendo demais com as outras pessoas e costumo me isolar, porque é mais seguro. Não que morar aqui com meus pais seja inseguro, mas emocionalmente, psicológicamente, mesmo que não seja uma referência a mim, ao meu individuo, é horrível ouvir comentários racistas ou homofóbicos do meu próprio pai, saber que o mesmo nunca estudou, trabalhou poucos anos formalmente e depois insistiu nisso de ser empreendedor em uma época que não tinha nem sentido (as pessoas ainda acreditavam em fundos de pensões), enfim, ele tinha toda a chance do mundo, na ditadura qualquer idiota tinha emprego formal ou era concursado, basta ver o numero de "boomers" concursados que não sabem nem mexer no celular e estão lá com seus bons salários enquanto nós jovens na miséria... É nesse sentido minha frustração também, saber de onde vim, saber o que poderia ter sido melhor na minha vida, que diferença faria se eu tivesse tido um pai estudado que tivesse ao menos um carro velho pra me passar (assim eu poderia fazer um dinheiro e deixaria rendendo em algum investimento), mas nem isso, tenho que começar do zero porque o cara que era para ser meu "idolo" ou "figura exemplar" é um cara que se recusou a trabalhar de qualquer coisa por  "orgulho"! Se não fosse esse "orgulho", se tivesse escutado qualquer comentário idiota dos meus tios mais ricos como "por que não trabalhou no supermercado?", hoje com certeza o velho estaria aposentado. Por outro lado isso é culpa da minha mãe, que nunca colocou um ponto final, uma vez que ela pode ir levando a situação com a barriga. Também não dá pra demonizar o meu pai uma vez que origem simples, baixa escolaridade, inserido artificialmente em uma família mais organizada, enfim, agora racista e homofóbico é só um complemento da classe de onde ele veio e nunca saiu de verdade, porque se saiu foi pra depender dos outros e sofrer humilhação. Como todos nós sabemos depender dos outros é um dos piores venenos que alguém pode viver submetido, eu mesmo hoje sou grato dele não ter colocado um fim em si mesmo ou nos outros, por que foi sim humilhado diversas vezes por causa de dinheiro ou falta de dinheiro, o que talvez seja um motivo pra ele insistir nessa ideia de negócio próprio... É aquilo, ilusões, ilusões, muitos me colocam como rico, não sabem o que passei aqui e o que continuo passando. Sei que tem muitas pessoas com problemas piores, que apanham em casa porque "foram flagrados" com maconha, por serem gays, sei lá, qualquer coisa rídicula assim, porém sofrimentos não são comparáveis, não existe um troféu para quem sofreu mais ou menos, independente se as pessoas não acham isso grande coisa, pra mim é sempre de grande transtorno mental/psíquico ser colocado nessa situação de "flagrante" como se estivesse com "algum problema", sem minha privacidade respeitada, ouvindo comentários ruins sobre algo que eu sou (lgbtqi), ouvindo comentários ruins sobre a raça de outras pessoas, como se isso fizesse dele melhor, porque heterossexual e "bem casado", temente a Deus, cuja "Riqueza são os filhos", me poupem disso tudo. São esses os pontos que me colocam as vezes em desespero. Seria muito mais fácil ficar aqui, sem precisar pagar aluguel, sem precisar trabalhar desgraçadamente para ter minha vida própria, mas depender dos meus pais só me faz pensar que sou o meu próprio pai e nesse sentido jamais quero viver a vida que ele levou, tenho horror a quem humilha o próximo por dinheiro, eu mesmo sendo pobre, trabalhador, as vezes penso em ficar por aqui, mas só de pensar nisso tudo, de que não posso acender um baseado em paz, porque vão entrar no meu quarto, talvez vasculhar minhas coisas quando estiver ausente, atitudes que só contribuiram para me deixar paranóico, enfim, com problemas de confiança no próximo, fora isso, o fato das piadas com homossexuais, quer dizer, se um dia eu quiser namorar um homem ele vai "ficar angustiado" ou "discordar", como se tivesse esse direito! Eu não penso em namorar um homem, já tentei algumas vezes e foi horrível, talvez por assistir o casamento tradicional maravilhoso dos meus pais, tenho trauma quando fui colocado em situação de casal com mulheres também, enfim, é péssimo não ser respeitado em minha sensibilidade, sendo obrigado a ouvir comentários de ignorância que não escuto em lugar algum, não ter dinheiro pra começar, não ter apoio do meu pai porque ele depende em partes do apoio da minha própria mãe, ter que correr atrás de tudo pra não viver na dependência e ser humilhado por causa disso, ter que ficar sozinho por não confiar em ninguém porque ninguém é de confiança, ouvir comentários homofóbicos e racistas contrariando tudo o que sou ou que acredito, não poder fumar maconha em paz, sem sofrer constrangimento, porque na lógica invertida claramente "existe um problema", o único ponto positivo é que eles não me internariam à força em campo de reabilitação algum, assim como fizeram no filme nacional "O Bicho de Sete Cabeças", porém só de ter que fumar escondido já me sinto péssimo, como se estivesse fazendo algo de errado, quando na real seria mais tranquilo viver se eles tentassem ao menos não me criminalizar ou "descobrir o meu terrível segredo", até aqueles vídeos absurdos com mentiras sobre o uso de maconha e toda aquela panfletagem careta de merda da época da ditadura que os "boomers" mandam pelo whatsapp são uma ofensa, também queria ser poupado... Tenho me cobrado um pouco pra sair de casa, dessa vez sai algumas vezes em SP, encontrei um amigo antigo muito querido, encontrei outro amigo que também gosto muito, marquei com uma amiga, mas é muito díficil pra mim querer fazer qualquer coisa que envolva ficar no frio, na chuva, pegar transporte público, socializar... Gosto muito de ficar em casa, com um cafézinho, lendo alguma coisa, por outro lado por ter que fumar maconha escondido, para não gerar comoção ou desconfianças ou mesmo preocupação desnecessária, ou comentários hipócritas de perguntas retóricas como "que cheiro é esse heim?", acabo ficando com o horário um pouco desregulado, ficando por vezes acordado de madrugada, logo perdi muitos dias que poderiam fazer algo à tarde, mesmo lidar com meus sobrinhos que são crianças lindas, diversos dias praticamente "ignorei" as crianças e isso me fez me sentir um pouco culpado, muito egoísta, poderia ter passado ao menos 15 minutos com as crianças, mas eu queria sair da cama? Me culpo também de não ter ido na minha avó doente todos os dias, mesmo assim acordo quase as 16 horas da tarde, nas férias, porque resolvi ficar online no dia anterior, não fazendo nada... Perco mais horas no facebook do que com pessoas que estão a minha volta. Porém as vezes prefiro mesmo ficar online e em casa, sem sair, fumando um baseado enquanto assisto algo no youtube, queria só conseguir acordar mais cedo para pelo menos ir almoçar com minha avó, mesmo assim me acarreta um certo sofrimento saber que ela está cada vez "morta", da mesma forma tenho sofrido psiquicamente por não dar a devida atenção às crianças, o que me deprime ainda mais, me dando ainda maior vontade de ficar sem interação alguma com ninguém, o que me acarreta ainda mais sofrimento por simplesmente não querer interagir com ninguém e me culpo por esse egoísmo.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Nothing to say, nothing to do, no news.

Faz um tempo que não paro e penso um pouco sobre tudo, por esse meio, a escrita. É possível passar dias falando consigo mesmo, no inconsciente, as vezes até quebrando o silêncio e literalmente começo a conversar comigo, repasso tudo o que errei ou o que devo fazer, meus planos, inseguranças, receios. Lembro que em 2019, logo no começo do ano, sofri um acidente e fiquei 3 meses recuperando de uma fratura na clavícula. Cai de bicicleta em uma rua perto de casa porque não vi uma construção deixada sem avisos, mas o aviso deveria ser eu mesmo, uma vez que tinha reparado na construção quando ainda era dia, porém sou realmente distraído, preocupado comigo mesmo e com todas as rotinas diferentes que preciso cumprir, chapado ainda, realmente me esqueci completamente daquela construção, por isso errei, pela falta de atenção com minha própria integridade, minha bicicleta sem lanterna, plaft, coisa de minutos ou segundos estava no chão, sangrando, sem mexer um braço. Tive a sorte de me recuperar integralmente, perdi 3 meses de dinheiro que não fiz, ganhei uma calcificação torta sobre a fratura, alguns pontos na cabeça e é claro promessas de gente que nunca me ajudou, mas deveriam me ajudar? Nunca foi nenhuma obrigação, mas não me prometa que vai me levar algo pra me ajudar e daí não leve e faça silêncio, era melhor que não houvessem prometido nada em primeiro lugar. Quem sou eu pra julgar os outros, se sou eu que fujo e abandono a todos? Mas ficar em um lugar tem seus custos, nunca foi realmente uma fuga, mas uma busca por outras formas de continuar existindo, então não podia permanecer e tive que ir para outro lugar, mas já quero ir para outro lugar novamente, não como cigano, mas como jovem que pretende-se livre. Liberdade para viver pobre precisando de favores? Fui enganado, fui roubado, fui usado, mas a culpa foi minha, porque com a idade que eu tenho deveria saber mais sobre o que fazer ou como fazer. Mesmo assim as vezes me olho no espelho e não tenho uma única pista do meu caminho. Hoje quero sempre que possível faire d'business, mas fica difícil quando todos são adolescentes ou desempregados. Também não posso culpar o meu meio social, uma vez que se estou lá é porque também faço parte de algo ali, caso contrário nem mesmo estaria, mas as vezes não estou realmente, porque estou cuidando dos meus business pessoais. Desse ponto é um passo para ser chamado de egoísta. Queria poder contribuir mais com minha família e isso tem me aterrorizado emocionalmente, minha inépcia, meus primos (mais velhos ou mais novos) tem já seus negócios reais, casamento, dinheiro para viajar realmente e eu tenho o que? Um rosto bonito? Nem sou tudo isso, apesar de algumas pessoas tentarem me convencer de que sou algo que não sou, tento viver cada vez mais como mais um camponês sem nome, vivendo humildemente minha pequena existência em algum lugar distante, mas quando chego nesse lugar é ainda mais perto de casa, porque é como se minha casa sempre estivesse ali, por que não posso contribuir com eles? Eles que merecem contribuição, não esses espaços de interesseiros e farsantes. Mas chega a ser pior, as vezes sou eu que preciso de qualquer contribuição, qualquer ajuda financeira, para simplesmente poder viver como um pobre! Preciso de ajuda financeira para ser pobre em um país de terceiro mundo, e essa pra mim é uma grande piada porque ainda por cima me acusam de playboy, se soubessem como fico culpado todas as vezes que recebo qualquer favor ou dinheiro da minha família... Se soubessem como foi dificil ficar três meses sem poder trabalhar para levantar meu próprio dinheiro e voltar a dependência da família, como um inútil, ao invés de contribuir, dilapidando o pouco dinheiro dos meus pais porque o imbecil não tinha uma grana de reserva, por outro lado tenho que me felicitar por ter sobrevivido e administrado meus poucos recursos de forma muito eficiente, precisando realmente de uma ajuda, mas nada fora do comum, se serve como desculpa jamais exigi que me mantivessem de qualquer forma, sempre corri atrás e quem me conhece pessoalmente sabe que trabalho até dois horários ou quando for possível, mas ainda assim é suficiente para apenas "viver bem", eufemismo para a realidade do trabalhador honesto, vida independente, mas nao quero ser apenas independente, quero um dia poder ajuda-los de alguma forma, porque não aceito viver às custas de ninguém.