quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Da pureza das intenções à crueldade humana

Às vezes sinto como se a tecnologia estivesse contra mim, me impedindo o acesso na velocidade adequada quando é necessário, existem aqueles momentos que a inspiração faz uma de suas visitas, mas pode durar tão pouco e momentos depois já se foi, bem como até mesmo sua lembrança. Quantas rimas, sons, ideias, lembranças nós já não nos esquecemos tão subitamente quanto nos recordamos. É um pouco de pretensão escrever tanto sobre coisas tão simples, bem como sobre natureza humana que é tão evidente porque nos rodeia, nos outros, em nós mesmos. Há pessoas sinceras, muito boas, que agem por bondade, enquanto outras são hipócritas, mentirosas, até mesmo em suas próprias verdades. Às vezes me coloco ao lado dos hipócritas, mas em geral acho que me coloco ao lado dos palhaços e das tragédias. Me sinto sempre péssimo, sempre me tenho repreensões, não me sinto seguro o suficiente para errar, é quase sempre como se o erro fosse a maior prova daquilo que jamais desejei ser, alguém insuficiente, imbecil, estúpido em vários sentidos, ignorante até mesmo dos costumes... Uma vez que você conhece alguém legal, em que se é possível confiar, por momentos você pode se abster de toda a comédia humana envolvendo farsantes, golpistas, mentirosos, gente que quer te prejudicar por alguma razão pessoal... É a lógica do medo e da competição. Tem vezes que me esqueço sobre quem sou, me esqueço até mesmo de quem sou, não sobre o que sou, mas sobre o que faz de mim ser eu mesmo, aquilo de mais essencial, as vezes até me esqueço e me vejo competindo, não por diversão, não por escolha, por esporte, mas quando acordo me enxergo como que tragado para todo esse ambiente de competição, acordos, traições, intrigas. Quando percebo eu fujo assim que possível, mas não tinha sido até então peça do mesmo mecanismo? Se estava lá, centrifugado por uma força que foge à todos nós, não era também parte do mesmo sistema de relações, trocas, significados? É nisso que me choco. Porque como eu disse no começo, às vezes me sinto quase que hipócrita, me envergonho, mas o que me sinto mesmo é como um palhaço dos mais rídiculos, com movimentos exagerados, suspiros altos. Mesmo assim tenho meus limites e fronteiras demarcadas, tem morais e imoralismos que não me sinto representado, talvez porque na maioria das vezes fui sim prejudicado, mas eu falo como se a minha indiferença, um lugar que funciona como aquele pedestal das pessoas inseguras, aquele lugar distante que me coloco como se fosse qualquer outra pessoa invulnerável, inviolável, para segundos depois ser derrubado e como que lançado na mais vergonhosa das lamas e consideradas grandes gafes sociais... como se minha indiferença não fosse por si só ferramenta, arma, instrumento da mais terrível das hipocrisias, da mais terrível forma de olhar nos olhos de alguém e repetir a palavra de ordem: "se vira". Porém é difícil quando você está em um barco, fazendo acordos, onde todos podem ganhar, mas muitos a sua volta não ganham nada e ainda te odeiam pelo seu progresso. Sinceramente, que progresso? É isso que choca também, o fato de ser verdade consentida meio que por todos de que a grama é sempre mais fresca no vizinho, o fato de nós nunca estarmos satisfeitos com nada, e não sei direito como deve ser para os ocidentais em geral, porque muitos não tiveram nem o mais breve contato com o budismo ou qualquer forma mais elevada de lidar com os problemas mundanos, onde dinheiro talvez não seja o mais nobre dos ideais, mas é esse um dos pontos reais, talvez sejam pessoas que so tiveram contato com religiões como aquela do cristianismo evangélico da prosperidade material como "promessa" de Deus, garantido custe o que custar... Isso tudo sem educação financeira, então fica díficil, porque significa uma realidade triste, mais do que miserável, onde não existe nem aquela pobreza honesta e idealizada de balzac ou dickens [?], muita gente ávida por dinheiro aplicando golpes tortos em gente fodida, coisas tão absurdas (para o seu sentido mais torpe e ruim) que talvez nem doistoievsky poderia antecipar. Aí fica nisso, realidade low budget tendo que lidar com as imposições que o meio te exige. Talvez farei um meme para discutir sobre a natureza humana, no seu melhor até o seu pior, sem parecer um texto sério, porque esses textos talvez alguém chegue a ler, mas em geral leio sozinho, como diário de coisas que vou me esquecer, por exemplo, percebi agora que não havia escrito nada aqui ao longo de 2019. Por que?

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