sexta-feira, 25 de maio de 2018

Sujeito histórico no Brazil de 2018

Escrevo na perspectiva de um estudante marxista que viveu a maior parte da vida em um ambiente confortável, mas não rico, em uma das maiores cidades da América Latina, a saber a capital de São Paulo. Aqui tudo sempre foi muito frenético e passei toda a minha adolescência saindo em clubes noturnos onde qualquer desvio do padrão era recompesado com fama local. Assim como a beleza e as drogas sempre abriram muitas portas na vida noturna. Mas hoje me pergunto qual foi o sentido de tanto tempo gasto em noites de frio e bebedeira. Pouquissímas amizades que fiz na vida noturna da grande capital permaneceram ao meu lado, mesmo assim sei que isso tudo é em grande parte minha culpa, que escolhi me isolar. Me isolei por não aguentar o ritmo e o regime da capital, por não ter mais condições, materiais e espirituais, de sair e socializar com pessoas que muitas vezes nem mesmo me dariam qualquer apoio. Enfim, por que os outros deveriam em apoiar? Não há nem mesmo um sentido e por isso me pergunto porque passei tanto tempo como que enfeitiçado na vida noturna. Talvez não fossem as pessoas, mas a busca por diversão, a busca por um escape da grande rotina diária. Pois bem, depois de mais velho fugi da capital, e fui me exilar em uma cidade pequena, em um lugar muito distante, e atualmente vivo em Cuiabá. Para que? Como motivo principal viajei para estudar, mas estudar vivendo todas as pressões de um trabalhador tornou-se quase impossível. Minha esperança são auxílios que eu talvez nem mesmo consiga. Nessa cidade pequena encontrei novos amigos e amores e isso também foi de certa forma minha perdição. Deixo de ser eu mesmo e me perco nos inúmeros dramas que as outras pessoas vivem. Compartilho minha vida com elas e dessa forma esqueço um pouco de quem sou originalmente. Ou dou espaço para outras expressões de quem eu sou. Minha saída é focar na produção artística e na leitura dos livros. É encontrar lá o refúgio que encontro aqui. Aqui não preciso sair, posso ficar online e traduzir coisas, posso simplesmente ler alguns textos em paz. Lá de certa forma me dou ao luxo de perder meu tempo não fazendo nada exatamente. Preciso de um computador, acredito que seja essa falta que me produza a situação da angustia e do tédio que me motiva a sair de casa. Aqui, além de comida farta na geladeira, tenho café preto já preparado por meu pai e um computador a disposição. Não confio levar eu notebook para lá porque já fui roubado uma vez, logo preciso de um computador de mesa. Mas e se precisar me mudar de lá? Não seria melhor ter guardado o dinheiro? Voltarei lá ainda mais angustiado, mas acredito que será o resultado da universidade que me dará um sentido a seguir e um novo planejamento. Além do mais realmente me sinto mais disposto a viajar ao exterior e também viajar pelo Brasil. Só preciso levantar um dinheiro, de forma consciente e sem desvios. Sem impulsos, sem compulsões. Sem motéis, sem bebidas. Não sei quais são as estatísticas do Brasil hoje, mas muitos estão desempregados e eu até que tenho um trabalho e também uma formação, mas parece tão pouco perto da vida de todos os mais próximos. Me sinto sempre em atraso nesse Brasil de oportunidades que nunca parecem ser minhas.

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